Descrição enviada pela equipe de projeto. A residência está localizada em um loteamento em meio a um vinhedo no Vale de Uco ao sul da cidade de Mendonça e foi pensada para uma família equatoriana que deseja passar suas férias na região. O local abriga, além da própria residência, muitos parreirais que com o tempo produzirão o vinho que será envelhecido na adega.
É composta por um programa tradicional, uma grande sala de estar e jantar com cozinha integrada e galeria, três suítes, áreas de leitura, adega, garagem e áreas de serviço.
O primeiro passo foi refletir sobre o que significa fazer arquitetura neste tipo de paisagem, falamos do extenso plano inclinado de dimensões territoriais que antecede o maciço da Cordilheira dos Andes. É um lugar onde as construções podem ser vistas a distância como elementos da paisagem que pousam sobre o manto verde; tentamos ser sensíveis a esta condição e pensar em um projeto que resista à ambos olhares, tanto o humano, próximo e apático; quanto a própria paisagem, distante e desfocada. Pensamos em uma peça que entenda estas duas escalas, onde o recorte da sua silhueta seja em parte paisagem.
A segundo ponto foi pensar na localização da casa, na relação com o terreno em términos mais imediatos em uma região árida onde os cultivos alcançam quase 2,50 metros de altura no verão, impedindo vistas próximas. O intuito da operação foi definir uma base sobre a qual a residência possa pousar, um pódio de concreto que é parte do solo, que entende essa condição material e sobre este uma peça de concreto revestida em chapa oxidada que mantém a mesma condição mineral.
A primeira camada, em contato com o solo, é cega e recebe uma quantidade de luz controlada, acolhendo o acesso, a adega e as áreas de serviço. A próxima camada é matéria escavada, um prisma que apresenta cinco deslocamentos que são suas únicas aberturas. Quatro grandes bocas horizontais orientadas aos quatro eixos cardeais que se calibram em dimensões e geometria em função da paisagem; e uma grande abertura vertical, um pátio que atravessa o projeto desde a base conectando o solo e o céu.
O programa se organiza em função destas aberturas profundas onde o pátio opera como eixo da experiência e a base como necessária expansão exterior da moradia.
O clima no vale de Uco é de grande amplitude climática, noites geladas e dias ensolarados. Desde modo, se decide rotacionar a moradia à 45° em relação aos eixos cardeais para minimizar o impacto da insolação excessiva, sobretudo do oeste.
A definição do revestimento de chapa comum oxidada obedece também a necessidade de isolar a moradia para garantir o comportamento climático. Enquanto a base é de concreto aparente moldado com madeira de pinos de 6 polegadas sem acabamento, a parte superior se resolve com formas mais lisas, criando um concreto muito sutil e uniforme no interior e um contraste marcado com a materialidade exterior e as grandes aberturas feitas em madeira de louro.